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Epidemia de acidentes

  • Foto do escritor: Vias Legais Oficial
    Vias Legais Oficial
  • 19 de abr. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 21 de abr. de 2021

Parece estranho falar de acidente de trânsito como sendo uma epidemia, porém os acidentes de trânsito são realmente um problema de saúde pública. Eles custam aos cofres do Sistema Único de Saúde, anualmente, cerca de 3 bilhões de reais, segundo dados do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (dados de 2019).

Os acidentes de trânsito já são vistos pela Organização Mundial de Saúde como um problema de saúde pública. Eles assumiram status de doença porque muitos leitos de UTI e enfermaria, cirurgias complexas e de emergência, têm como destinatários as vítimas acidentadas.

Muitas incapacidades permanentes, muitas aposentadorias por invalidez, são oriundas de acidentes de trânsito. O sistema previdenciário e de saúde acabam ficando sobrecarregados com a quantidade de vítimas de acidentes de trânsito que ocorrem no Brasil.

A única forma de diminuir a quantidade de acidentes é a educação para o trânsito, porém muito pouco ou quase nada tem sido feito nessa área educativa.

Em 2009, na Rússia, 2015, no Brasil e 2020, na Suécia, houveram encontros internacionais para redução de acidentes de trânsito em âmbito mundial, porém, não obtiveram êxito. No encontro de 2009, houve 1,2 milhão de mortos em acidentes de trânsito no mundo, e em 2020, o número aumentou para 1,35 milhão. É um problema mundial difícil de resolver, principalmente porque se fala muito, mas age pouco.

O problema, como foi dito, se resolve com educação para o trânsito, mas o que fazer se os condutores não querem aprender? Este é o problema para muitos condutores habilitados, inclusive aqueles que são habilitados há muitos anos e nunca sequer sentaram em banco escolar para atualizar seus conhecimentos sobre as leis de trânsito, principalmente sobre as normas gerais de circulação e conduta, que geram uma melhora na segurança do trânsito. Até mesmo os jovens condutores aprendem pouco sobre as normas gerais e já são habilitados com vícios ou falhas graves que nunca deveriam ter aprendido. Infelizmente os condutores experientes e os inexperientes têm uma desculpa em comum: já sabem tudo, para que aprender?

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), tem um enfoque educativo, inclusive por ele foi implantada a Semana Nacional do Trânsito, que ocorre de 18 a 25 de setembro e tem caráter comemorativo, e seu maior objetivo é conscientizar os motoristas de medidas educativas para que haja redução nos acidentes. A indústria da multa não é uma invenção do CTB, pelo contrário, o Código de Trânsito Brasileiro preza a educação. Infelizmente, alguns municípios implantaram uma cultura de indústria da multa, ao invés de promover a educação para o trânsito, porém o próprio CTB e as Resoluções do Contran estão em vigor para que o cidadão exerça seu direito de recorrer de autuações indevidas.

Apesar da boa intenção, a semana nacional de trânsito é curta, e os assuntos relativos à segurança do trânsito deveriam ser discutidos o ano todo. As melhores iniciativas são aquelas tomadas pela Polícia Militar ou os agentes de trânsito municipais, que fazem programas educativos nas escolas, onde as crianças, desde pequenas, aprendem as regras de cortesia, regras de circulação, respeito à sinalização, aos pedestres, às pessoas com mobilidade reduzida, etc. Esses projetos sim formam cidadãos conscientes, porque as crianças quando crescerem saberão seu papel no trânsito e por mais que tenham aula com um instrutor fraco na auto escola, elas já terão internalizados os valores, sentimentos e atitudes pelo trânsito que aprenderam desde criança.

Só tem um problema: não dá para esperar essa geração crescer. A epidemia de acidentes de trânsito está a todo vapor e precisamos fazer algo hoje para resolver esse problema. Precisamos nos conscientizar e buscar informação, aprendizado. O que você pode fazer hoje para melhorar o trânsito? Você conhece as regras gerais de direção e conduta? Conhece direção defensiva? Se sim, as pratica? Conhecimento sem prática é inútil.

A educação para o trânsito tem efeito sanfona. No começo ela até surte efeito, mas depois se dilata novamente, temos como exemplo a própria implantação do CTB, que gerou uma redução drástica de acidentes, e outra situação que podemos citar, foi o aumento do rigor para as penalidades de embriaguez ao volante, que, de início deu um resultado muito sensível em pouco tempo, mas depois voltou a níveis quase iguais antes do endurecimento da lei.

Portanto o problema dessa epidemia está muito longe de ser resolvido. Se começarmos hoje uma conscientização individual, mas em cadeia, de forma que muitas pessoas ao mesmo tempo tomem essa consciência simultaneamente, faremos nós mesmos um trânsito mais seguro e reduziremos o número de acidentes e vítimas. Não adianta esperar o poder público tomar providências, porque não vai. Nós mesmos precisamos fazer algo, buscar orientação, informação, praticar no dia a dia o que aprender e assim seremos melhores motoristas e estaremos contribuindo com nossa parcela na contenção dessa epidemia maligna de acidentes de trânsito.


O autor deste artigo foi policial militar rodoviário em São Paulo por dez anos e viu pessoalmente o drama dos acidentes de trânsito nos hospitais, prontos-socorros, nas equipes de resgate. Cada acidente é uma tragédia imensa que dilacera nossa sociedade e nós precisamos urgente cuidar das pessoas, dentro da nossa alçada, sendo melhores motoristas.

Há locais de acidente de trânsito que parecem uma praça de guerra. É chocante ver corpos de pessoas espalhados pela via, pessoas agonizando, as equipes tendo que escolher quem socorrer primeiro, veículos esmigalhados, vidro e óleo para todo lado, perícia, delegado, viaturas, curiosos, pessoas querendo saquear carga. É um cenário nada agradável para se querer estar.

Tudo isso pode ser evitado com pequenas atitudes: não usar celular enquanto dirige, não tentar pegar nada que caia no assoalho do veículo, não dirigir cansado para não dormir ao volante, não ficar colado no veículo da frente, não manter velocidade incompatível com a via e as condições climáticas, ou seja, todos atos simples e fáceis de fazer. Seja gentil e cortez, se alguém quer ultrapassar, dê passagem, não force nenhuma situação, talvez o motorista do outro veículo seja inexperiente ou mal-intencionado e pode causar um acidente sem querer ou de propósito. Nunca coloque sua vida na mão de outra pessoa. Se você fizer, isso vai depender da consciência do outro. Agora pense, se essa pessoa não tem amor à vida dela, terá amor pela sua vida? Nunca, jamais, em hipótese alguma coloque sua vida na mão de outra pessoa. Seja prudente e consciente. Tome conta da situação, domine seu veículo e domine a si mesmo. Estatisticamente, quase 90% dos acidentes são causados por falha humana, portanto, não queira ser parte destas estatísticas. Faça sua parte. Só assim reduziremos essa maligna epidemia de acidentes de trânsito.


 
 
 

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